sábado, 20 de março de 2010

Karl Marx - Apontamentos Biográficos

KARL HEINRICH MARX


Morreu em Londres (Inglaterra) em 14 de março de 1883 (64 anos)

  • Família

Classe média, origem judaica.

Pais: Sua mãe, Henri Pressburg (1771–1840), era judia holandesa e seu pai, Herschel Marx (1759–1834), advogado e conselheiro de Justiça. Herschel descendia de uma linhagem de rabinos, era iluminista (conhecia de cor Lessing e Voltaire), mas se converteu ao cristianismo luterano em função das restrições impostas à presença de membros de etnia judaica no serviço público.

Irmãos: Sophie (d. 1883), Hermann (1819-1842), Henriette (1820-1856), Louise (1821-1893), Emilie (adotado por seus pais), Caroline (1824-1847) e Eduard (1834-1837).


  • Trajetória escolar-acadêmica

Em 1830, Marx iniciou seus estudos no Liceu Friedrich Wilhelm, em Trier (ano em que eclodiram revoluções em diversos países europeus). Ingressou mais tarde na Universidade de Bonn para estudar Direito e, no ano seguinte, transferiu-se para a Universidade de Berlim, onde o filósofo alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel, cuja obra exerceu grande influência sobre Marx, foi professor e reitor.

  • Passagem do interesse jurídico para o filosófico (o ingresso na esquerda-hegeliana)

Em Berlim, Marx ingressou no Clube dos Doutores, liderado por Bruno Bauer. Ali perdeu interesse pelo Direito e se voltou para a Filosofia, tendo participado ativamente do movimento dos Jovens Hegelianos. Em 1841, obteve o título de doutor em Filosofia com uma tese sobre as "Diferenças da filosofia da natureza em Demócrito e Epicuro".

  • Abandono de pretensões à carreira acadêmica e ingresso no jornalismo

Em 1842, Bruno Bauer foi expulso da cátedra de Teologia da Universidade de Bonn acusado de ateísmo. Diante das circunstâncias e como seguidor de B. Bauer, Marx compreendeu esse acontecimento como um impedimento virtual a uma possível carreira acadêmica. Assim, tornou-se, em 1842, redator-chefe da Gazeta Renana (Rheinische Zeitung), um jornal da província de Colônia; conheceu Friedrich Engels neste mesmo ano, durante visita deste a redação do jornal.

  • Exílios

A Gazeta Renana era um jornal de plataforma liberal. Marx admite, no prefácio Para a crítica da economia política (Marx, Coleção Os pensadores, v. 1, p. 28), que, ao trabalhar nesse jornal, viu-se “[...] pela primeira vez em apuros por ter que tomar parte na discussão sobre os chamados interesses materiais” [situação dos camponeses no vale do rio Mosela e debates sobre livre comércio e proteção aduaneira]. Em 1843, por censura a esse jornal, Marx teve que se exilar na França. Lá assumiu a direção da publicação Anais Franco-Alemães e foi apresentado a diversas sociedades secretas socialistas. Em 1844, Friedrich Engels visitou Marx em Paris por alguns dias. A amizade e o trabalho conjunto entre ambos, que se iniciou nesse período, só seria interrompido com a morte de Marx. Na mesma época, Marx também se encontrou com Proudhon e conheceu rapidamente Bakunin, então refugiado do czarismo russo e militante socialista. No seu período em Paris, Marx intensificou os seus estudos sobre economia política, os socialistas utópicos franceses e a história da França, produzindo reflexões que resultaram nos Manuscritos de Paris, mais conhecidos como Manuscritos Econômico-Filosóficos. De acordo com Engels, foi nesse período que Marx aderiu às ideias socialistas.

Contudo, por pressão do governo prussiano sobre o governo francês), Marx foi expulso da França, indo para Bruxelas (Bélgica) em 1845, onde ficou até 1848. Entre vários escritos elaborados em Bruxelas por Marx e Engels, encontra-se o Manifesto Comunista. Expulso de Bruxelas pelo governo belga, Marx e Engels mudaram-se para Colônia, onde fundaram o jornal Nova Gazeta Renana. Após ataques às autoridades locais publicados no jornal, Marx foi expulso de Colônia em 1849.

Até 1848, Marx viveu confortavelmente com a renda oriunda de seus trabalhos, seu salário e presentes de amigos e aliados, além da herança legada por seu pai. Contudo, em 1849, Marx e sua família enfrentaram grave crise financeira; após superarem dificuldades, conseguiram chegar a Paris, mas o governo francês proibiu-os de fixar residência em seu território. Graças, então, a uma campanha de arrecadação de donativos promovida por Ferdinand Lassalle na Alemanha, Marx e família conseguem migrar para Londres.

Na primeira metade da década de 1850, a família Marx viveu em condições de pobreza na capital inglesa. Devidos ao negócio de algodão de seu pai em Manchester, Engels o ajudava. Essa renda era complementada por artigos semanais de Marx ao jornal estadunidense New York Daily Tribune. Em fins da década de 1850 e início dos anos 1860, as condições se tornaram um pouco melhor em virtude de heranças recebidas. No final dessa década, Engels assegurou uma renda suficiente e constante à família.

  • Envolvimento com movimento operário

Em 1843, na França, Marx conheceu a Liga dos Justos, criada em 1836, formada por artesões alemães emigrados. O centro político da organização residia em Paris, mas foram criadas seções secretas na Alemanha. Depois de participar de uma revolta blanquista (1839), uma parte dos seus dirigentes foi aprisionada e outra teve que fugir para Londres, onde havia mais liberdade política. Engels foi o primeiro a entrar em contato com os membros Liga dos Justos, entre 1842 e 1844, quando da sua estada na Inglaterra. Ele ficou bastante impressionado e afirmou que tinha sido os primeiros proletários revolucionários que havia conhecido. Mesmo assim, ele não se convenceu em aderir, pois suas concepções eram bastante diferentes naquele momento. A Liga ainda compartilhava algumas idéias utópicas sobre o socialismo. Em 1846, a Liga dos Justos decidiu rever seu programa e convidou Marx e Engels para colaborarem nessa tarefa. Então, no dia 2 de junho de 1847, teve início aquele que foi o último congresso da Liga dos Justos e o primeiro da Liga dos Comunistas. Uma “carta circular” justificou a alteração do nome: "Nós nos distinguimos não por propugnar a justiça em geral (...) mas sim por repudiar o regime social existente e a propriedade privada, propugnamos a comunidade de bens, somos comunistas". A divisa também foi alterada para se adequar aos novos princípios adotados. Em lugar de "Todos os homens são irmãos" lia-se agora "Proletários de todos os países uni-vos!". O segundo congresso da Liga iniciou-se em 29 de novembro. Marx foi eleito delegado pela região de Bruxelas e Engels pela de Paris. Em 1848, Marx e Engels receberam a incumbência de elaborarem o programa definitivo da Liga Comunista (Manifesto). Liga dos Comunistas foi duramente perseguida. Contra ela, instaurou-se o processo de Colônia na Alemanha, nos quais vários dirigentes foram condenados a longos anos de prisão. Assim, não havia mais condições de mantê-la funcionando e, em 1852, foi dissolvida. Marx afirmou: “a Liga dissolveu-se, por minha iniciativa, declarando que a sua continuação (...) já não corresponde à situação vigente.” Após a crise e fechamento da Liga dos Comunistas, houve um momentâneo desânimo de Marx e Engels em relação às possibilidades da constituição de um Partido Comunista. Foram desse curto período as frases mais desconcertantes expressas em cartas por esses dois personagens. Marx, por exemplo, escreveu ao poeta Freiligrath: “nunca voltarei a pertencer a nenhuma sociedade, secreta ou pública”. Mas, logo sentiriam a necessidade de “recrutar nosso partido” em função do surgimento da Primeira Internacional (informações resumidas e trechos literais; “Marx, Engels e o Partido Comunista, texto de Augusto Buonicore, disponível em: http://www.vermelho.org.br/coluna.php?id_coluna_texto=2065&id_coluna=10)

Durante a década de 1860, Marx e Engels foram lideranças importantes da Associação Internacional dos Trabalhadores (Primeira Internacional, 1864-1876). Essa organização foi fundada por trabalhadores de Londres e Paris. Marx envolveu-se d e1864 a 1872 e Engels e 1870 a 1872. Em geral, nos primeiros anos da Internacional, os documentos do Conselho Geral eram redigidos por Marx. Na sua militância, enfrentaram confrontos com Bakunin, principal representante da Aliança Internacional para a Democracia Socialista, que ingressou na organização em 1867 (Marx não concordava com a perspectiva teórica e política do anarquismo, mas defendeu a sua entrada na Internacional). Entre 1869 e 1872, o conflito entre Marx e Bakunin na condução da Internacional foi intenso. Bakunin foi expulso no Congresso de Haia de 1872 por criar organização secreta dentro da Internacional. Nesse congresso, decidiu-se mudar a sede para Nova York (receio de que, em Londres, os blanquistas pudessem controlar a organização; contra Bakunin, os blanquistas foram aliados). Essa mudança contribuiu para o fim da Internacional, dissolvida em 1876.

Louis-Auguste Blanqui (1805-1881): acreditava que a prolongada sujeição à sociedade de classes e à religião impedia aos trabalhadores reconhecerem seus interesses; por isso, era contra o sufrágio universal até que ocorresse a reeducação sob a ditadura do revolucionária (que sucederia o golpe conduzido por poucos, apoio da minoria). Marx e Engels admiravam Blanqui, mas discordavam dessa posição de “alquimistas da revolução”.

Comuna de paris em 1871: os partidários franceses da Internacional (principalmente adeptos de Proudhon) desempenharam um papel importante na Comuna; o Conselho Geral organizou uma campanha de solidariedade internacional (Marx inclusive escreveu uma justificativa histórica da Comuna em Guerra civil na França).

  • Casamento
Em 1843, antes de partir para a França, Marx se casou com Jenny von Westphalen, a filha do barão da Prússia Von Westphalen com a qual mantinha noivado desde o início dos seus estudos universitários. Esse noivado foi mantido em sigilo durante anos, pois as famílias Marx e Westphalen não concordavam com a união. Teve com ela cinco filhos e um natimorto. Desses cinco, três morreram na infância devido às péssimas condições de vida da família. Marx também teve um filho com Helena Demuth (militante socialista e empregada da família), cuja paternidade foi assumida por Engels.

  • Morte
Fragilizado com a morte da esposa (dezembro de 1881), Marx desenvolveu, em consequência dos problemas de saúde que suportou ao longo de toda a vida, bronquite e pleurisia que o levaram à morte em 1883. Foi enterrado no Cemitério de Highgate, em Londres. Em 1954, o Partido Comunista Britânico construi, sobre a tumba de Marx, uma lápide com um busto.

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