Por que Marx não era Positivista?
O cinismo da
razão desprovida de razão vigora no ambiente acadêmico e considera Marx
positivista. Abaixo, alguns apontamentos contra essa razão cínica que
age à revelia do conhecimento. Abaixo, alguns apontamentos que refutam essa
tese.
Para o
positivismo de Augusto Comte, o estado positivo (a ciência, a indústria e o
capitalismo) e as ciências do homem (ciências humanas), em particular a Física
Social ou Sociologia, operam com leis universais e necessárias. A sociedade tem
leis, tal como as leis da natureza. Compreender o funcionamento dessas leis é
poder controlar e prever os acontecimentos sociais. Há uma ordem na natureza e
essa ordem deve acompanhar o funcionamento da sociedade; só haverá progresso se
houver ordem. Isso significa que não é possível modificar situações de opressão
social, de exploração de uma classe por outra, tal como defendera Marx. O que se
espera é que haja harmonização dos conflitos sociais, dar continuidade ao estado
de exploração e opressão de uma classe social sobre a outra. Para o fundador do
positivismo, o que vale é a manutenção da ordem social estabelecida. O
capitalismo é, pois, o � �ltimo estágio, o ápice da evolução do pensamento da
humanidade. Em outras palavras, Comte acreditava na submissão dos trabalhadores
aos capitalistas, de tal forma, que sua doutrina positivista cumpriria a função
reguladora e preparadora dos proprietários capazes de convencer os trabalhadores
a respeitarem e mesmo reforçar "as leis naturais" da concentração do poder e da
riqueza. Marx, no primeiro livro de O Capital, escreveu: “Augusto Comte e sua
escola procuraram demonstrar a eterna necessidade dos senhores do capital; eles
queriam tão bem quanto e com as mesmas razões, demonstrar a eterna necessidade
dos senhores feudais” (p. 631). Ao invés de leis deterministas, que
operam dentro da lógica formal, Marx afirmou que o que há são leis de
tendência.
Para Marx, a
história não é concebida como o desenvolvimento linear do pensamento, mas, da
ação dinâmica e contraditória dos conflitos vivos entre grupos sociais. Marx não
pretende, assim como Comte, criar uma teoria de reconstrução das crenças morais
da sociedade. Enquanto Comte deseja manter os interesses e conquistas dos
burgueses, dos capitalistas e argumenta que os trabalhadores devem manter-se
resignados e aprender com as mulheres (consideradas naturalmente inferiores e
fracas em relação aos homens), Marx, ao contrário, defendeu ativamente a
emancipação geral: não de um indivíduo, grupo, etnia, classe social ou casta.
Ele apenas identificou que essa emancipação geral não seria alcançada por
nenhuma lei da boa vontade e não chegaria dos céus, mas, deveria haver um
processo de enfrentamento das forças hegemônicas (políticas e
econômicas).
Marx opera no
âmbito de uma ontologia do ser social e Comte a partir de uma teologia
profana e de uma ciência ideologizada - cientificismo - a partir
de uma lógica formal que concebe a história como algo linear, cumulativa, que
caminha sempre para o melhor e da ideia de neutralidade científica.
Marx, diferente de Comte, considera que a ciência não está acima do bem e do mal, portanto não é neutra mas é apropriada pelos interesses hegemônicos (econômicos e políticos) da sociedade. A partir de Hegel, ele concebe a história como sendo produzida por homens e mulheres em condições determinadas de produção social da existência que por sua vez também determinam a existência individual. Portanto, enquanto Comte afirma que a história é fruto da evolução do espírito ou pensamento humano, Marx considera que a história é o resultado de forças opostas que se enfrentam no ambito dos antagonismos presentes na produção e nas relações de produção. Nesse sentido, não é o pensamento, não é a ideia que produz o mundo, mas o contrário, o mundo que efetivamente existe - o mundo social e natural - é que produz o pensamento e as ideias.
Para ele a dialética - tese, antítese, síntese - opera por meios de categorias próprias da realidade social, dentre elas a contradição ou princípio da contradição. A apropriação do conhecimento científico e tecnológico pela classe que detém os meios de produção da existência social, ao invés de produzir uma sociedade mais plena, com progresso para todos, ao contrário, produz a danificação da vida de milhares de pessoas e da própria natureza como um todo. Assim, enquanto o positivista Augusto Comte defende a harmonia social, ou seja, a ordem institucional, que significa obediência às leis do Estado burguês, o materia lista e dialético Marx, pelo contrário, afirma que a realidade é movida pelo conflito que gera a transformação para algo novo. Sendo assim, ele é contra qualquer tipo de opressão social e a divisão da sociedade em classes sociais com interesses antagônicos e divergentes.
Mas, como disse no início, talvez, o que vigora, aquilo que é mais senso comum, até mesmo entre alguns intelectuais, são argumentos falaciosos que tentam desmerecer a filosofia de Marx que, com certeza, apresenta pontos que merecem ser devidamente criticados, mas a partir de um esforço acadêmico que transpõe o cômodo lugar da reprodução sensocomunizada de determinadas falácias. Por essa razão, considerar Marx positivista é, definitivamente, no mínimo, preguiça intelectual. Esse tipo de preguiça não acomete apenas a intelligentsa nacional, mas, é fenômeno internacional.
Marx, diferente de Comte, considera que a ciência não está acima do bem e do mal, portanto não é neutra mas é apropriada pelos interesses hegemônicos (econômicos e políticos) da sociedade. A partir de Hegel, ele concebe a história como sendo produzida por homens e mulheres em condições determinadas de produção social da existência que por sua vez também determinam a existência individual. Portanto, enquanto Comte afirma que a história é fruto da evolução do espírito ou pensamento humano, Marx considera que a história é o resultado de forças opostas que se enfrentam no ambito dos antagonismos presentes na produção e nas relações de produção. Nesse sentido, não é o pensamento, não é a ideia que produz o mundo, mas o contrário, o mundo que efetivamente existe - o mundo social e natural - é que produz o pensamento e as ideias.
Para ele a dialética - tese, antítese, síntese - opera por meios de categorias próprias da realidade social, dentre elas a contradição ou princípio da contradição. A apropriação do conhecimento científico e tecnológico pela classe que detém os meios de produção da existência social, ao invés de produzir uma sociedade mais plena, com progresso para todos, ao contrário, produz a danificação da vida de milhares de pessoas e da própria natureza como um todo. Assim, enquanto o positivista Augusto Comte defende a harmonia social, ou seja, a ordem institucional, que significa obediência às leis do Estado burguês, o materia lista e dialético Marx, pelo contrário, afirma que a realidade é movida pelo conflito que gera a transformação para algo novo. Sendo assim, ele é contra qualquer tipo de opressão social e a divisão da sociedade em classes sociais com interesses antagônicos e divergentes.
Mas, como disse no início, talvez, o que vigora, aquilo que é mais senso comum, até mesmo entre alguns intelectuais, são argumentos falaciosos que tentam desmerecer a filosofia de Marx que, com certeza, apresenta pontos que merecem ser devidamente criticados, mas a partir de um esforço acadêmico que transpõe o cômodo lugar da reprodução sensocomunizada de determinadas falácias. Por essa razão, considerar Marx positivista é, definitivamente, no mínimo, preguiça intelectual. Esse tipo de preguiça não acomete apenas a intelligentsa nacional, mas, é fenômeno internacional.